Nesta entrevista com a Suricata Editora, vais ficar a conhecer uma pequena editora que surgiu em 2023. A Suricata nasceu da experiência de Inês Silva na agência de ilustração Illustopia e na agência literária ByRights Agency, onde trabalha na venda de direitos de obras infantojuvenis em Portugal e no estrangeiro. Com um foco claro na diversão, no humor e na experimentação, a Suricata Editora destaca-se por ser aquela que quer que a aprendizagem seja emocionante. Se és um fã de livros, curioso e queres saber como uma editora independente em Portugal está a cativar o coração das crianças, então continua a ler!
A Suricata Editora, que acabou de nascer em 2023, tem um nome inspirado nos suricatas, animais pequenos e engraçados, assim como tu. A ideia é motivar-te a seres curioso, aprender coisas novas e cuidar da tua comunidade, tal como os suricatas fazem. As sessões interativas com os autores são super divertidas e são uma maneira especial de te envolveres e tornares a aprendizagem uma aventura.
O compromisso da Suricata com a inclusão e a diversidade é o máximo. Eles dão oportunidade a autores que têm histórias importantes para partilhar. E não te esqueças, a Suricata Editora tem planos de chegar a mais crianças e tornar o aprendizado ainda mais emocionante. Esta entrevista vai revelar-te o emocionante mundo da Suricata Editora, onde a diversão e a aprendizagem andam de mãos dadas.
Pode partilhar mais informações sobre a origem e o significado do nome “Suricata” para a editora?
Todos sabemos que as crianças e os adolescentes têm, na maioria, um carinho especial pelos animais. E, tratando-se de uma editora que se dirige a esse público-alvo, pareceu-nos que faria sentido adotar o nome de um animal como designação da editora. Pensámos logo nos suricatas, porque são animais incríveis: são pequenos e engraçados; sempre cheios de curiosidade, mesmo em idade adulta; vivem em grupo, ajudando-se uns aos outros; têm uma linguagem própria e estão sempre prontos para aprender e ensinar coisas novas. Por isso, decidimos chamar “Suricata” à nossa editora pois queremos que os nossos livros inspirem os nossos leitores a ser curiosos e a pensar de forma crítica, a terem noção de comunidade, a aceitar/incluir os outros, a estarem sempre prontos para aprender e a experimentar coisas novas!
Qual é a missão da Suricata no que diz respeito à literatura infantil e à promoção da diversidade e inclusão, e como isso a diferencia das outras editoras?
A missão da Suricata Editora é: publicar livros ilustrados, destinados a um público infantojuvenil, que propiciem aprendizagens através da experimentação, da diversão e/ou do humor.
Pretendemos dar voz a autores, que até podem ser desconhecidos ou menos conhecidos em Portugal, o que constitui outra forma de inclusão 😊, e que tenham desenvolvido obras infantojuvenis que nos ajudem a cumprir esta missão.
Consideramos que este posicionamento poderá ser diferenciador porque existem muitos livros que apenas pretendem ensinar, sem incluir experimentação/diversão/humor, esquecendo que estes são ingredientes fundamentais para potenciar e consolidar a aprendizagem.
Como a editora Suricata seleciona os temas e tópicos para os seus livros infantis?
Em linhas gerais, os tópicos dos livros estão relacionados com o que queremos inspirar nos nossos leitores, como referi antes, sendo o humor/diversão transversal a todos eles:
– Nos livros de “não ficção” privilegiamos livros que ensinem pela experimentação. Como no livro “A Ciência das Coisas” que introduz a química a crianças com idades de 7+, altura em que estão longe de ter contato com esta disciplina, e que propõe algumas experiências a serem realizadas com materiais muito fáceis de arranjar em casa, num supermercado, numa drogaria, etc..
– Nos livros de “ficção” privilegiamos livros sobre a inclusão social, a aceitação da diversidade, a amizade e entreajuda, a ecologia e a responsabilidade social, o desenvolvimento emocional.
Qual é a linha editorial da editora Suricata e como se distingue das outras editoras, grupos e chancelas em Portugal, particularmente no seu tema de destaque?
A linha editorial da Suricata define-se pela conjugação entre o público-alvo, o tipo de livros e os tópicos anteriormente mencionados.
A Suricata Editora, começa por se diferenciar de outras editoras por se tratar de uma editora de autor, ou seja, existe uma parceria entre a editora e os autores para a edição e publicação dos respetivos livros. Para além disso, a Suricata pretende dar voz a autores desconhecidos ou menos conhecidos, o que constitui um risco que muitas editoras não estão dispostas a correr.
Pode fornecer detalhes sobre os autores responsáveis pelos dois livros infantis publicados pela Suricata?
O Bernardo Albuquerque Nogueira, autor do livro “A Ciência das Coisas”, doutorou-se em química, na Universidade de Coimbra, e fundou uma empresa universitária – a Molecular – onde se dedicou à divulgação científica junto de um público infantojuvenil, adquirindo uma vasta e relevante experiência nesta área. Este foi o primeiro livro que publicou.
O Ricardo Monis, autor do livro “Ricky”, é licenciado em Sociologia no ISCTE e trabalha na consultora Accenture. Por sofrer de atrofia muscular, anda numa cadeira de rodas desde os seus 4 anos de idade. Aos 24 anos constatou que, em criança, nunca tinha lido um livro em que a personagem principal estivesse numa cadeira de rodas, o que o impulsionou a escrever o “Ricky”. E este foi o primeiro livro que publicou.
Os livros da Suricata estão disponíveis apenas localmente no Porto, ou eles podem ser encontrados em todo o país?
Os livros podem ser encontrados em qualquer livraria em Portugal e também online (Wook, Bertrand, etc. e, em breve, no nosso site).
De que forma a editora Suricata se envolve com o público leitor, especialmente crianças e escolas?
Temos estado em contato com várias escolas (públicas e privadas), livrarias, bibliotecas, etc. para marcar sessões e oficinas com os autores. Desenhamos estas sessões para que sejam o mais participativas possível. Por exemplo, nas sessões do livro “A Ciência das Coisas”, fazemos experiências científicas com as crianças – os nossos mini suricatas.
Quais são os desafios e recompensas de operar como uma editora independente em Portugal?
Os desafios são muitos: restrições financeiras; forte concorrência; impossibilidade de aceder a um orçamento de marketing como o dos grandes grupos de edição; sobreviver num mercado onde se tem verificado uma crescente concentração de chancelas editoriais sob grupos editoriais; etc. Mas também há recompensas: a de criar algo de raiz e fazer crescer; ver as nossas apostas editorias serem bem recebidas pelo público-alvo; conseguir gerar receitas para continuar a investir em novos livros e projetos; etc.
Existem planos futuros para expandir o catálogo da Suricata e incluir outros géneros literários além da literatura infantil?
A curto/médio prazo, está fora dos nossos planos incluir outros géneros literários no nosso catálogo. Acreditamos que as editoras pequenas não se devem dispersar num mercado tão competitivo, mas antes especializar.
Como a Suricata promove a cultura e a literatura locais na sua cidade e país de origem?
Dado nosso pouco tempo de vida (três meses), ainda não há muito (senão tudo!) por fazer neste âmbito.
Planeamos continuar a publicar livros de autores/ilustradores locais/nacionais e internacionais, que nos permitam aceder a outras narrativas visuais e literárias, promovendo o intercâmbio e a diversidade cultural na literatura infantil.
Gostaríamos de promover atividades em espaços públicos, como Bibliotecas, em eventos, etc.. E, a médio prazo, poder investir em meios multimédia e de edição digital, para chegar ainda a mais leitores.
Qual é a mensagem ou o impacto que a Suricata pretende transmitir através dos seus livros infantis?
Pretendemos transmitir que o humor/diversão e experimentação potenciam a aprendizagem. E, por meio desta, esperamos contribuir para a formação de cidadãos esclarecidos, tolerantes, responsáveis, com espírito crítico, socialmente ativos, etc.
A editora Suricata está envolvida em projetos ou parcerias com a comunidade local ou outras organizações culturais que a diferenciem das demais?
A edição dos nossos livros beneficiou do apoio de uma câmara municipal, de associações, de empresas, etc. com as quais pretendemos fazer um trabalho continuado de divulgação e de realização de atividades.
No caso do livro “A Ciência das Coisas” temos tido uma adoção crescente por parte dos Centros de Ciência Viva, com os quais planeamos também organizar atividades.
Quais os planos futuros a medio e longo prazo para a editora?
No médio prazo, temos como objetivo chegar aos nossos potenciais leitores e consolidar uma relação com os mesmos. Passo a passo, gostaríamos de continuar a investir noutros livros, noutros suportes de edição (digital, por exemplo) e, quem sabe, noutros mercados…