Olá, Sofia Pereira! É um prazer poder conversar consigo sobre o fascinante universo literário que combina a paixão pela escrita e pelo ensino. Como surgiu a inspiração para escrever livros infantis?
Olá Leonor minha querida antes de mais os parabéns por esta iniciativa do LITERATURArte é um prazer enorme eu estar aqui perante uma curadora, fundadora desta iniciativa tão interessante. Então a tua pergunta é, como é, de onde é que me vêm a inspiração para eu escrever os meus livros? Olha, pergunta tão interessante, sabes que a maior parte da inspiração vem de vocês das crianças, por exemplo, um dos livros que eu escrevi chama-se “O abecedário bem comportado”. Então, é um livro que se abre e para cada letra do abecedário tem várias poesias e muito interessante. E como é que eu tive inspiração para fazer esses Livro eu altura da trabalhava com meninos da educação especial, que tinha muitas dificuldades, nomeadamente meninos da etnia cigana. E então eles não conheciam as letras e o que eles gostavam era daquelas músicas, andavam sempre com músicas a cantar. E eu pensei assim, e se eu fizesse versos para as músicas e depois falasse com o professor de música que fizéssemos aqui umas músicas sobre as letras era muito interessante. E então a inspiração vem daí. Geralmente é assim, é de coisas que eu vivencio e do mundo à minha volta e muito da minha inspiração realmente, vem do contato com as crianças, porque eu escrevo criou livros para crianças, vocês são a minha fonte de inspiração.
Ao longo da sua carreira, tem conjugado a atividade como professora bibliotecária com a escrita de livros para crianças. Como essa dualidade influencia o seu processo criativo?
Acho que na pergunta anterior já respondi um bocadinho, Como eu sou professora e me, inspiro na vivência das crianças às vezes eu aproveito essa vivência para transpor para os meus livros. Por exemplo, este aqui “O maior segredo do mundo”, fala sobre os nossos Sonhos e como nós, com muito trabalho, esforço e empenho, se trabalharmos bastante e nunca desistirmos, conseguimos alcançar os nossos Sonhos. Porquê? Porque eu vim dando conta cada vez mais, as crianças às vezes achavam que não conseguiam e parece que já tínham os sonhos destruídos. Na verdade, parece que nem tinham Sonhos e vocês estão na idade de sonhar. E não pode ser, o que os meninos hoje em dia têm muitos problemas, muitas coisas para resolver, pronto são problemas que não interessam. Mas isso não tem que impedir que os impedir de sonhar. E eu tenho que escrever um livro de maneira a que todas as crianças percebessem que, independentemente a todos os problemas que possam ter, não devem nunca desistir de alcançar os seus objetivos e os seus Sonhos, Portanto, a minha vivência com as crianças influencia a minha escrita sim, eu vou escrevendo em função daquilo que eu vou, vivendo e que eu vou observando ao meu redor.
De uma forma ou de outra a sua vida são os livros. Lembram-se como nasceu essa paixão pelos livros e o que a fez apaixonar-se?
Realmente é assim, a minha paixão são os livros. Quer os que leio, quero o que eu escrevo, o que é que isso quer dizer? Quer dizer que a leitura e a escrita estão de mãos dadas. Eu sempre fui uma apaixonada por livros, desde muito pequenina. Eu lembro-me que eu nunca pedia brinquedos o que eu pedia era livros. Eu desde que aprendi a ler, tem sido a minha verdadeira paixão efetivamente. As meninas pediam bonecas e eu pedia sempre livros, livros. Eu gostava tanto de ler… (risos) (Eu não devia dizer isto, OK? Vai Ficar gravado, não é? Mas é verdade!) Eu enganava os meus pais, eu deixava-os ir para a cama adormecer depois eu ligava a luz e ficava a ler até altas horas da noite e depois vinha a minha mãe, tipo 3 da manhã… “Sofia… Estás a ler até estas horas…” Reparem que a mim ralhavam-me para eu parar de ler. Tal não era a minha paixão por livros e então, quando se gosta muito de livros e gosta-se muito de ler a histórias vão seguindo naturalmente na nossa cabeça. E depois vem o gosto pela escrita, as duas coisas andam muito de mãos dadas. Ler um livro é quase como treinássemos a nossa imaginação e a minha cabeça, só personagens, histórias e coisas que poderão acontecer. Portanto, Como Eu já li tanto, tanto, já vivi em tantos mundos inventados. Portanto, também comecei a ter vontade de escrever as minhas próprias histórias.
“O maior segredo do mundo” tem conquistado leitores de todas as idades. Como se sente com o destaque que o seu livro alcançou, estando entre os mais vendidos?
Eu sinto-me muito abençoada e muito, muito feliz. Sabes que eu, eu quando escrevi o livro…E assim nós escrevemos o livro depois ele é editado e nós não temos noção do que é que vai acontecer com o livro. Então este livro tem sido efetivamente e uma fonte de alegria constante. Logo na primeira semana ele entrou para o top de vendas da Fnac kids. Eu nem queria acreditar. Foi mesmo assim uma grande surpresa. Depois ele entrou para os livros aconselhados para as metas que curriculares e para as aprendizagens essenciais. Foi assim sonho. Jamais achei que um livro meu pudesse integrar essa lista que é uma lista muito restrita e muito conceituada. Depois o meu livro foi escolhido pela Porto Editora, juntamente com com a SIC Esperança para pertencer também ao reduzido número de livros a para integrar um projeto solidário. Se comprar o meu livro uma pequena verba da compra desse livro vai para um projeto solidário de ajudar crianças. E o meu livro foi escolhido para isso, e começou a aparecer na televisão na altura, na altura do Natal. Pronto tem sido maravilhoso. E aliás, eu sinto muito abençoada por pensarem em mim para esses projetos, porque eu sou muito a favor também de causas humanitárias e de ajudar as crianças, nomeadamente. Portanto, quando meu livro foi escolhido eu fiquei muito feliz. Eu nem queria acreditar, portanto, tem sido maravilhoso.
“O Maior Segredo do Mundo” e “A Lagarta Renata” são exemplos do teu talento em criar narrativas que ajudam os leitores a acreditar e lutar pelos seus sonhos. Como escolhe os temas e mensagens que quer transmitir aos seus leitores?
No caso do livro “O maior segredo do mundo”, como já tinha dito, foi devido a perceber que cada vez mais os meninos chegam à escola um bocadinho desanimados e acham que não conseguem. E, eu acho que vocês estão na idade de ter sonhos e não de dizer que não conseguem. E então o meu livro é quase como um manual que eu espero que vos possa ajudar. Vocês ao ler o meu livro percebam que realmente se nós não tentarmos e não investimos não conseguimos, mas se nós fizermos isso, se acreditarmos se tivermos no nosso coração um sonho muito grande, temos a certeza que é aquilo queremos ser, nós não desistimos nunca, seguirmos em frente e não desistirmos nunca de um dos nossos Sonhos e dos nossos objetivos. Quando estou a escrever um livro eu tenho em mente que euero passar uma Mensagem. Eu Não escrevo só por escrever, eu tenho sempre em mente que eu sou professora e que a minha função primordial é passar uma mensagem importante às crianças. Neste um outro que eu escrevi já posteriormente a este eles saíram quase na mesma altura que “a lagarta Renata” também passo uma Mensagem muito interessante, é a Mensagem que lá está que nós temos que sempre além que temos que nos superar. Eu faço sempre por passar mensagens positivas e que incentivem as crianças a chegar mais Longe. Aliás, eu como professora bibliotecária faço isso também porque eu trago-vos o livro da Malala que foi uma menina que foi Prémio Nobel da Paz, já vos trouxe aquele livro da menina que plantava árvores para vocês verem como as crianças podem mudar o mundo. Portanto, eu sou extremamente positiva e eu quero passar essa mensagem de ser positivo sempre às crianças para que elas se tornem mais felizes.
Para além de ser escritora, também tem formação em Educação Especial. Como essa área complementa o trabalho enquanto autora de livros infantis?
Engraçado eu sem querer, comecei por responder a isso quando eu disse que um dos livros que eu escrevi que era o “Abecedário bem comportado” foi precisamente porque eu estava a trabalhar com meninos de educação especial que eram de etnia cigana e eles não sabiam ler nem escrever nem os pais. Portanto as letras não lhes diziam nada efetivamente. E só gostavam de música. Eu senti necessidade, então de pôr as letras do abecedário em versinhos, para lhes dar uma música para ver se eles começavam a perceber melhor as letras. Portanto, as coisas complementam-se efetivamente. E já agora funcionou eles no terceiro ano já sabiam ler e escrever.
A sua experiência como professora de diferentes faixas etárias certamente dá uma perspetiva única sobre o poder transformador da educação. Como vê o papel dos livros no desenvolvimento das crianças?
Os livros são fundamentais. Como eu já vos disse este ano. Qual é a maior invenção do ser humano? Qual é? Os livros claro! Está lá tudo. Os livros permitem-nos fazer tantas coisas, tantas coisas. Os livros podem ser os nossos melhores amigos, os nossos companheiros. Nós, ao lermos livros e as histórias que eles transmitem, às vezes ficamos com a sensação: “É pá, afinal, este problema não é só nesta personagem, ela teve este problema e conseguiu ultrapassar.” Portanto os livros ajudam-nos imenso em todas as áreas da nossa vida. Ajuda-nos também aumentar o vocabulário, a escrever a maneira mais correta, abrem-nos horizontes, permitem-nos viajar, estando mesmo sitio… os livros são maravilhosos. Os livros são fundamentais quer para as crianças, quer para os adultos. Portanto, eu tenho é que investir nas crianças para vos incutir esse gosto pela leitura. Para vocês quando crescerem, nunca o perderem e ficarem sempre com este gosto. Depois, quando forem pais e mães também, o posam passar às vossas crianças. Os livros são fundamentais para vivermos todo num mundo mais harmonioso e mais feliz.
Como bibliotecária escolar, estás constantemente em contacto com os jovens e com os livros. Qual é o impacto que a sua presença na biblioteca tem na vida dos alunos.
Eu espero que tenham um grande impacto. Como eu já te disse eu faço uma seleção criteriosa dos livros que eu trago. O que é que nós trabalhamos em Janeiro? Janeiro, o mês da paz foi ou não foi? Eu tento sempre trazer livros que tenham temas positivos que vos ajudem Lembro-me de “uma coisa boa”. Qual era a Mensagem do livro? E vocês tentam saber qual era a coisa má e eu disse, não importa, é a coisa boa que importa, é perante um problema, como é que nós podemos ultrapassar. Portanto, que eu faço um esforço grande, espero que isso seja notório, em trazer sempre livros que tenham informações positivas que ajudem as crianças a superar os seus problemas, que as ajudem a ir mais além. E que ajudem basicamente a ser felizes.
Muitos jovens aspiram a seguir carreira como escritores. Que conselhos darias a esses jovens que sonham em partilhar as suas histórias com o mundo?
Como já te disse também a leitura e escrita andam de mãos dadas, portanto, quem tem efetivamente o sonho de ser escritor, primeiro, não deve desistir nunca, desistir não é opção, como diz “o maior segredo do mundo” depois é acreditar, acreditar, acreditar e treinar, treinar, treinar, que é este segredo para nós realizarmos os nossos Sonhos. O que é que podemos fazer relativamente a este sonho? O treinar tem a ver connosco próprios com os nossos sonhos. Depois o treinar é ler muito. Ou seja é impossível ser uma boa escritora se não lermos muito os livros são a chave para tudo. Quem aspirar, quem tiver como como sonho tornasse escritor o meu conselho é, por favor, leiam, leiam, leiam tudo o que gostarem. Os livros vão-vos ajudar para isso e para tudo na vossa vida, para tudo. É este o meu conselho.
Por fim, que mensagem gostaria de deixar aos jovens leitores que se inspiram em si e nos seus livros para explorarem o mundo da literatura e da imaginação?
A Mensagem é respeitem os livros, amem os livros, e leiam sempre e de preferência tentem transmitir esse gosto pelos livros pelas pessoas que estão ao vosso redor. Tal e qual como vocês estão a fazer. Eu estou abismada com o vosso talento, com o vosso empenho pelo vosso gosto, pela literatura e pelas artes em geral. Ok, meus amores estão de parabéns!