Magia e Inspiração: A Jornada Literária de Alexandra Santos a criadora de ‘Athanine’

Numa conversa inspiradora, Alexandra Santos, a mente criativa por trás de “Athanine, o Mundo da Magia”, partilha os pormenores especiais da sua jornada literária, desde os primeiros momentos de inspiração até à publicação do seu livro. Com uma infância cheia de imaginação e influências como Harry Potter e os contos dos Irmãos Grimm, Santos mergulhou de cabeça na escrita para criar um mundo fantástico que cativa. Ao desvendar os desafios enfrentados e as inspirações por trás de Athanine, a entrevista convida calorosamente os leitores a embarcar nesta aventura literária e descobrir um universo mágico e envolvente.

Como começou a sua jornada literária, desde os primeiros rabiscos no diário aos sete anos até à publicação de “Athanine, o Mundo da Magia”?

Para dizer a verdade, ser escritora não foi um dos meus sonhos de criança. Comecei a inventar histórias muito cedo, por volta dos quatro ou cinco anos. Fosse às bonecas ou às casinhas, as brincadeiras tinham sempre uma continuidade narrativa que resistia ao passar dos dias, o que não é muito habitual em crianças dessa idade, julgo eu. Cresci e deixou de fazer sentido brincar com bonecas, mas o ‘bichinho’ de criar histórias continuava em mim. A escrita entrou na minha vida como um veículo para libertar os sentimentos que não conseguia exprimir, daí a necessidade de escrever um diário.

A fantasia foi sempre o género da minha preferência e, no início dos anos 00’, não havia tanta oferta de livros juvenis e Young Adult de fantasia como há hoje. Aos trezes anos ganhei o gosto pela leitura com a saga Harry Potter. Decidi, então, escrever o livro que gostava de ler. O primeiro rascunho era uma Fanfic (uma história de fã) e tinha lugar no universo Harry Potter. Graças ao incentivo dos meus colegas, decidi criar uma história original, mas mantive as características que eu gostava: a escola de magia, a amizade, a aventura e os mistérios por resolver.

Após uma paragem profissional, forçada por uma lesão física, terminei Athanine e ganhei coragem para publicar.

Pode partilhar as principais fontes de inspiração que contribuíram para a criação do mundo mágico de Athanine?

Desde que me lembro de existir, a fantasia sempre me alimentou. Fossem os contos de fadas, as séries animadas da televisão ou os filmes como ”O Senhor dos Anéis”, ou “As Crónicas de Nárnia”. Dos livros recebi a influência de autores como a portuguesa Sophia de Mello Breyner Andresen, J. K. Rowling, Hans Christian Andersen ou dos Contos dos irmãos Grimm.

Escrever um livro é uma aventura desafiadora. Quais foram os principais desafios que enfrentou durante o processo de escrita e criação do universo de Athanine?

O maior desafio é mesmo começar a escrever. Para muitos, é preciso sentar e começar, que logo a inspiração vem. Eu começo a criar dentro da minha cabeça e depois despejo para o papel. O enredo é outra dificuldade. O feitio dos personagens tem de bater certo com os eventos que queremos contar. Se a Tânia não fosse corajosa, nunca teria aceitado viajar sozinha para um mundo novo, a não ser que fosse levada à força, o que não estava nos meus planos. Quando pensamos numa história não podemos esquecer as características físicas e psicológicas das personagens e das consequências que elas trarão para o enredo. Tratando-se de uma trilogia o outro desafio será manter a coerência entre os livros. O que acontece no primeiro influencia o segundo e o segundo influenciará o terceiro. A história tem de fazer sentido entre os três.

Optou por uma publicação de autor para “Athanine”. Como descreve essa experiência e que conselhos daria a outros escritores que consideram seguir esse caminho?

 

A autopublicação foi gratificante pelos resultados que obtive. Nunca pensei, em tão pouco tempo, chegar a tantos leitores com uma edição de autor. Em contrapartida, o processo foi muito solitário. Primeiro, tive de aprender como funcionava o mercado editorial e os passos que tinha de dar para publicar. Durante a edição e a escolha da capa, senti falta de uma opinião profissional para perceber se estava a ir pelo caminho certo. A quem quer seguir por esta via de publicação, aconselho rever e editar bastante, até ao ponto de começarmos a odiar a nossa própria história [risos]. Também é fundamental ter a opinião de leitores beta, eles vão encontrar falhas que nós não vemos. A ajuda de um revisor de texto experiente também é muito importante. Para terminar, sugiro a criação de um site de autor, onde os leitores possam ver e comprar os livros, e saber mais sobre a história e o autor, além das redes sociais, é claro.

De uma edição de autor a uma nova edição agora com a editora Nova Geração. Como surgiu a oportunidade e o que mudou?

 

A oportunidade de reeditar Athanine surgiu de forma quase inesperada. O convite da Editora Nova Geração surgiu após ter ficado no Top 5, da categoria de Fantasia, dos Prémios Literários do blogue “Entre Palavras”, no meio de livros como “Aquorea” da autora M. G. Ferrey. O que mudou? Tudo o que faltou durante o processo de autopublicação. Passei a ter uma editora que me aponta o caminho certo e deixei de estar sozinha em todas as decisões. A Tânia Roberto (editora) deu-me permissão a fazer a capa da reedição, mas tive sempre a orientação dela. A distribuição também deixou de ser uma tarefa minha. Muitas vezes saía da formação a correr para levar os livros aos correios, antes de fechar, e ainda tinha de ir buscar o meu filho à escola. Sem a ajuda de terceiros, este modelo de publicação ia tornar-se inviável para mim. A transferência de algumas responsabilidades para a editora permitiu focar-me noutros aspetos, como a comunicação.

Tânia, a protagonista de “Athanine”, enfrenta a discriminação e desafios na sua jornada. Como desenvolveu a complexidade da personagem e a narrativa envolvente que a rodeia?

A Tânia é o resultado das minhas experiências pessoais, daquilo que eu vivi e senti, daquilo que eu conheço da sociedade e das vivências das pessoas com quem me cruzei ao longo da vida. A discriminação que a Tânia sofre foi o caminho que a história me “obrigou” a seguir. É quase certo que, quando mudamos de país, nos olhem de outra maneira. Mudar de mundo, não seria diferente, imagino eu. Foram mais de 15 anos a desenvolver esta história e esta personagem. Cresceu comigo. Tive tempo de pesar todos os prós e contras e de conhecer a fundo quem era a Tânia, o que eu queria para ela e o que ela esperava de mim enquanto sua criadora.

O livro aborda um mistério relacionado ao passado de Tânia. Sem revelar spoilers, como equilibrou a revelação gradual de informações para manter os leitores intrigados?

A resposta é planificação. Tenho um dossier cheio de folhas com os eventos que queria mostrar ao longo do livro e da trilogia. Dividi por capítulos (resultou em 12) e em cada capítulo fiz uma lista de ações a desenrolar. Queria que a Tânia fosse conhecendo o mundo ao mesmo tempo que fazia novas amizades. Só depois de se sentir confortável com o ambiente, é teria as primeiras revelações. Eu acredito que uma boa amizade não se cria da noite para o dia, e muito menos uma relação amorosa. Isso vê-se em Athanine. O livro tem um desenrolar lento na primeira parte, para que descobríssemos com a Tânia o novo mundo e acompanhássemos o crescimento da relação dela com os novos colegas.

Tânia enfrenta a adaptação a Athanine, um mundo tão diferente do seu. Como explorou essa adaptação e as diferenças culturais na história?

 

Pensei: como seria um mundo com magia? Os Humanos teriam evoluído da mesma maneira enquanto sociedade? Teriam passado pelas mesmas guerras territoriais ou pela recente Revolução Industrial e Tecnológica? Ou, seria um mundo globalizado mais cedo do que este? Talvez Athanine não precisasse ter passado por uma Revolução Industrial. Significa que não teria luz elétrica ou televisão, por exemplo. Teriam, talvez, objetos com funções parecidas, mas de outra natureza. Acredito que os sentimentos e as ambições dos Humanos fossem iguais aos deste mundo, e que se mantivessem supersticiosos, crentes e preconceituosos, por não haver ciência. Por outro lado, acho que não teriam se afastado tanto dos valores da Natureza.

A sua paixão pelas artes, cinema e teatro, reflete-se na escrita de “Athanine”? De que forma essas influências se manifestam na obra?

Sim, sem dúvida. Creio que Athanine não tivesse a dimensão que tem, se não fossem estas influências. O teatro fez-me pensar no comportamento humano em situações banais do dia-a-dia. O nosso corpo reage sempre, mesmo aos pequemos estímulos, seja através de um revirar de olhos ou de um remexer nervoso das mãos, por exemplo. Até ter passado pelo teatro, não tinha consciência dos comportamentos subtis. A História da Cultura e das Artes contribuiu com conhecimento e o vocabulário que uso para descrever os ambientes arquitetónicos do livro. O cinema contribuiu com o resto: saber contar uma história envolvente; organizar os eventos de modo a contribuírem para o crescimento narrativo e das personagens; perceber a força e a mensagem dos detalhes, como as cores, o cenário, os sons, a luz, etc. Nada num filme é introduzido ao acaso, e o mesmo acontece em Athanine.

“Athanine, o Mundo da Magia” é o primeiro volume da coleção. Já tem planos para continuar a história? Pode partilhar um pouco sobre o que o futuro reserva para Tânia?

Sim, os três volumes da coleção já estão planeados e o final, fechado. Sem dar spoilers, posso dizer que virão à tona mais detalhes do passado da Tânia e ela vai continuar a descobrir o potencial da Magia Primordial. Também saberemos mais sobre as duas classes de magia (magos e bruxos), que ficaram por explorar neste livro.

Qual seria a sua mensagem para jovens leitores que aspiram tornar-se escritores e seguir os seus passos na criação de mundos mágicos?

Leiam muito, escrevam ainda mais. Escrevam sobre o que gostam, sobre o que vos faz felizes. Quebrem as leis da Natureza e da ciência que conhecem, percebam como nos sonhos essas regras não existem. A imaginação é mesmo o limite. Mas, não se esqueçam, quando criarem os vossos mundos fictícios, criem também limites. São as limitações das personagens que nos fazem ter empatia e torcer por elas.

Alexandra S. Santos

Natural de Óbidos, vila de rainhas, Alexandra S. Santos nasceu a 17 de janeiro de 1991 e sempre teve uma grande paixão pelas artes, nomeadamente, o cinema, o teatro, a fotografia e o desenho. Licenciou-se em Som e Imagem na Escola Superior de Artes e Design de Caldas da Rainha, onde consolidou os conhecimentos de cinema, guião, escrita e narrativa. O gosto por escrever surgiu quando recebeu o primeiro diário aos sete anos. Começou a redigir o seu primeiro livro na adolescência, chamado Viagem aos Sonhos, que mais tarde daria origem a Athanine, o Mundo da Magia. Fez parte do…
Natural de Óbidos, vila de rainhas, Alexandra S. Santos nasceu a 17 de janeiro de 1991 e sempre teve uma grande paixão pelas artes, nomeadamente, o cinema, o teatro, a fotografia e o desenho. Licenciou-se em Som e Imagem na Escola Superior de Artes e Design de Caldas da Rainha, onde consolidou os conhecimentos de cinema, guião, escrita e narrativa. O gosto por escrever surgiu quando recebeu o primeiro diário aos sete anos. Começou a redigir o seu primeiro livro na adolescência, chamado Viagem aos Sonhos, que mais tarde daria origem a Athanine, o Mundo da Magia. Fez parte do…

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