Aos 13 anos, ela começou a tecer as linhas de sua própria narrativa com “Será Que Te Amo?”, um romance que ecoa com a essência da juventude. Desde então, Vitória Ferreira não apenas se aventurou no mundo da escrita, mas também desbravou novos territórios literários, enfrentando desafios e crescendo com cada página escrita.
Vitória Ferreira é um exemplo vivo do poder da paixão e da determinação na arte da escrita. Desde tenra idade, encontrou refúgio nas páginas dos livros “mais crescidos”, alimentando uma curiosidade voraz por histórias que transcenderam as fronteiras da infância. A sua jornada literária começou como uma semente de poesia, florescendo gradualmente em narrativas mais complexas e maduras. A publicação de seu primeiro romance aos 15 anos não apenas a colocou no mapa literário, mas também a incitou a explorar novos horizontes, desafiando-se a criar para diferentes audiências e mergulhar em géneros diversos. Agora já uma jovem universitária, Vitória não apenas reflete sobre seu próprio crescimento como escritora, mas também busca inspirar a próxima geração de jovens talentos literários, compartilhando sabedoria e encorajamento através de suas palavras e presença online.
Aos 13 anos, começaste a escrever o teu primeiro romance, “Será Que Te Amo?”. O que te inspirou a começar tão jovem e como foi o processo de escrita?
Sempre gostei de ler e confesso que nunca tive um grande interesse por livros infantis, preferia livros maiores dos “mais crescidos”. Desde o segundo ano que tinha uma amiga que partilhava do mesmo interesse e chegámos a ler algumas vezes em conjunto o que sinto que também ajudou a promover o meu gosto pelos livros. A dada altura os textos da escola começarem a ter páginas em vez de linhas e percebi que gostava daquilo. Comecei por escrever poesia, era algo que gostava e que até era boa, portanto desenvolvi. Entretanto, descobri o Wattpad e um dia decidi começar a escrever umas coisas para lá pôr. Já no sétimo/oitavo ano decidi escrever mesmo um livro também nessa aplicação e comecei a ver uma maior adesão, foi aí que pensei que poderia fazer daquilo um livro a sério e comecei a escrever com um objetivo.
Aos 15 anos, publicaste “Será Que Te Amo?”. Como foi a experiência de ver o teu livro ganhar vida e chegar aos leitores? Que emoções sentiste?
Inicialmente, não esperava ter resposta positiva de uma editora, mas quando tive fiquei muito contente. Foi incrível poder ver as pessoas com o meu livro, a lerem o que eu escrevia e, principalmente, a gostarem. Acho que acima de tudo me vez sentir que era possível, que eu era capaz de fazer aquilo que me desafiasse a fazer.
Ser uma autora tão jovem deve ter apresentado desafios únicos. Podes partilhar alguns dos desafios que enfrentaste e como os superaste?
É muito frustrante começar neste mundo, já há muita gente conhecida que as pessoas preferem e muita gente que apenas por terem mais seguidores nas redes sociais têm mais oportunidades. Por isso, muitas vezes questionamo-nos se fará sentido. Como é que com pouca experiência e poucas oportunidades conseguimos alcançar o mesmo. São questões que surgiram inicialmente e que continuo a sentir. Acho que, inicialmente, o ir às feiras e estar com os potenciais leitores ajudou a divulgar, mas não é suficiente. Além disso, acho que a única forma de superar é não desistir e continuar a tentar.
Como é que a tua escrita evoluiu e amadureceu à medida que ganhaste mais experiência de vida? Alguma experiência específica te influenciou enquanto escritora?
A minha escrita foi mudando bastante sem dúvida, aquilo que eu escrevi há cinco anos já não é de todo o que eu escreveria agora. É normal. À medida que vamos lendo livros diferentes e que vamos vivendo coisas diferentes vamos mudando as nossas ideais. Posso dizer que aquilo que com treze anos me parecia uma história de amor incrível me parece agora uma história imatura e nada saudável. Da mesma forma que determinadas palavras e expressões já foram excluídas do meu vocabulário. Aliás, eu passei este último mês a trabalhar numa reedição do meu primeiro livro e ainda que sem alterar a história senti a necessidade de corrigir muita coisa a nível de escrita. Portanto, sem dúvida que muita coisa mudou e consegue perceber-se lendo os meus livros.
Além dos romances, também escreves poesia. O que te atrai em diferentes formas de expressão literária?
Como disse há pouco a minha história começou pela poesia, tinha um livro com poemas de Camões que achava interessante quando era mais pequena e algo na ideia de rimar me chamava à atenção. Com o tempo e mais uma vez a questão do amadurecimento da escrita comecei a ver mais a poesia como uma forma de expressar emoções e retratar determinadas situações ao invés de a ver como um sudoku em que temos de encaixar as palavras na medida certa para que rimem como queremos.
Recentemente, aventuraste-te num novo género com o livro infantil “Helena, a Hiena”. Qual foi a tua motivação para explorar este novo território literário?
Nunca tinham pensado em escrever um livro infantil. Sinto que a minha escrita não conseguia ser simples e engraçada o suficiente para isso. Ainda assim, tinham-me lançado o desafio e fui pensando no assunto. Numa Feira do Livro de Lisboa deixei-me perder na secção infantil a tentar perceber como é que se escrevia um livro infantil. Saí de lá com algumas ideias, mas não as consegui passar à prática. Uns tempos depois estava a lavar os dentes e tive a excelente ideia de escrever um livro sobre a importância de nos mantermos alegres e confiantes tendo como protagonista uma Hiena. Uma coisa levou à outra e assim surgiu a Helena, a Hiena.
Quando revisitas o teu primeiro romance nota evolução na escrita e no enredo fruto de maior maturidade? Como encaras esse crescimento?
Eu acabei por me antecipar e ir falando um pouco deste assunto. Mas quanto ao que me faz sentir, por um lado é interessante perceber o quanto melhorei nos últimos anos, a começar pelos conhecimentos de gramática, mas também pela própria vida e pelas experiências que fui acumulando. Sinto que a forma como escrevia antes não deve ser esquecida e que a história que escrevi será sempre uma boa história para adolescentes porque foi escrita por uma, mas acho que é também importante procurar melhorar e evoluir ao máximo.
Com a universidade, as viagens, as redes sociais e a escrita. Como concilias o teu tempo entre paixões e qual delas mais influencia o teu futuro?
A universidade tira-me bastante tempo sem dúvida ainda por cima num curso que me obriga a estudar com frequência, mas ainda assim, não podemos deixar que uma só atividade nos ocupe a vida. Neste momento é sem dúvida uma prioridade, mas não a única. As redes sociais são algo que considero serem importantes para aquilo que faço e até porque uma das coisas que sempre quis fazer foi dar o exemplo e, por isso, atualmente, as redes sociais são uma excelente forma de o fazer. De qualquer forma, por vezes, têm de ficar para segundo plano. Quanto à escrita, não tem sido fácil, muitas vezes abdiquei de escrever para poder ir a sessões de apresentação e muitas vezes já não é uma questão de tempo, mas uma questão de ter cabeça para me sentar a escrever com tudo o resto a acontecer. Isto porque além destas quatro coisas ainda faço muitas coisas, algumas fui deixando para trás porque é preciso definir prioridades, mas tudo se faz. Este ano um dos meus objetivos será dar mais atenção à escrita.
Além da escrita, como utilizas as redes sociais para te conectares com os teus leitores? Qual é o papel das redes sociais na tua jornada literária?
Numa fase inicial consegui alcançar um maior público através das redes sociais ainda que não tenha sido algo muito significativo. Sinto que no meu caso as redes sociais não têm influenciado muito o meu percurso literário, pelo contrário, sinto que a importância atribuída às redes sociais, no dia a dia, prejudica o mundo dos livros em vários aspetos, ainda que possam beneficiar noutros.
Qual seria a tua mensagem para jovens leitores que aspiram ser escritores, especialmente aqueles que desejam começar cedo na escrita?
Leiam bastante, ler dá-nos novas experiências e exemplos. Escrevam o que gostariam de ler e não tenham medo de o mostrar. Ouçam o máximo de críticas (construtivas) para que possam melhorar ao máximo e, por mais chato e inútil que pareça, aprendam gramática.
1 Comentário. Leave new
Gosto muito desta autora.