“Gosto de escrever o que me salta à cabeça…” Conheça a mente que deu vida a Pepino.

Nesta entrevista cativante com Margarida Salema d’Oliveira Martins Gagliardini Graça, a mente brilhante por trás da coleção “As Aventuras de Pepino”, mergulhamos num mundo de imaginação e diversão. Margarida, com a sua abordagem descontraída à literatura infantil, deixa claro que não há idade para apreciar uma boa história. Ela revela como sua infância repleta de aventuras a inspirou a criar Pepino, um personagem amado que cativa leitores de todas as idades.

A autora compartilha como equilibra a diversão e lições importantes nas suas histórias, ressaltando a importância de observar o mundo com bondade e atenção. Sua formação em direito e experiência em Moçambique também enriquecem e podem vir a inspirar a narrativa, tornando-a única e inspiradora. Margarida oferece dicas valiosas para jovens escritores em crescimento e dá uma espiadela emocionante nos próximos projetos de Pepino. Prepare-se para uma entrevista que é um convite a um mundo de imaginação e aprendizagem, repleto de curiosidade, alegria e aventura.

Olá, Margarida! Para começar, como é que decidiste escrever livros para crianças? O que te inspirou?

Em primeiro lugar, não acredito verdadeiramente que existam livros para crianças e livros para adultos. Obviamente a complexidade dos temas pode criar essa distinção, mas eu, quando escrevo, desejo sempre que sejam livros que possam ser lidos por crianças. Alguns dos escritores mais conhecidos escreviam dessa forma (J.R.R. Tolkien, C.S. Lewis, Saint-Exupéry).

Nunca decidi propriamente escrever para crianças, aconteceu naturalmente. Como adorei a minha infância, as brincadeiras que fiz, as aventuras que tive e aquelas que sonhei ter e que existiram só na minha imaginação, tive vontade de criar livros que ajudassem as crianças a desenvolver uma imaginação rica e também que promovessem a vontade de viver as suas próprias aventuras. Claro que, para isso, é preciso estar atento ao que nos rodeia e ver como podemos brincar.

As aventuras do Pepino são muito divertidas! Como surgiu a ideia de criar um personagem tão engraçado como o Pepino?

Surgiu de repente, como a maior parte das boas ideias, penso eu. O Pepino surgiu sobretudo por causa do seu nome, que se deve a uma personagem história (fale com os seus professores para lhe explicarem a dinastia dos reis Francos chamados Pepino).
Quanto às características do Pepino, queria que se tratasse não de uma personagem principal, não um herói arrebatador, mas uma personagem que fosse transportador da história, capaz de abrir a história aos outros personagens e contá-la aos leitores.

Para isso, o Pepino devia possuir todas as características que eu considero ideais: que fosse corajoso, mas não temerário; que fosse valente, sobretudo face aos seus próprios medos; que fosse bondoso, sensato, respeitador dos mais velhos e dos mais novos; que fosse curioso e muito alegre, pois é na alegria que todas as aventuras se desvendam.

Os teus livros são educativos e ao mesmo tempo entretidos. Como consegues equilibrar a diversão com as lições que queres transmitir?

O principal aspecto é que nunca procuro transmitir uma lição apenas por transmitir. Isso acontece naturalmente com o desenrolar da história. A ideia de que com o pequeno esforço de olharmos os outros com atenção e com bondade nos ajuda a tornar o dia-a-dia mais agradável para todos é algo que me agrada e que procuro colocar em cada livro. Também sempre gostei de incluir toda a família nas aventuras e de desmistificar a velha ideia de que “grandes” são uma “seca”!

Além de escritora, és advogada e jurista. Como é que a tua formação em direito influencia o que escreves para crianças?

Esta é provavelmente a minha pergunta preferida de todas as que já me fizeram. Estudar direito e ser jurista, além de dar uma capacidade de estudo e de interpretação muito grandes, também são um local de desenvolvimento da criatividade. Além disso, também permitiu que desenvolvesse as minhas capacidades de escrita: como explicar temas que por vezes são muito complexos de forma clara e simples.

Viver em Moçambique é interessante! Como é que a tua experiência lá afeta as histórias do Pepino?

A experiência de viver em Moçambique é fantástica, mas estando cá apenas há 7 meses, essa influência ainda não se vê em nenhum dos livros do Pepino. Pode ser que nos próximos se encontre alguma referência!

As tuas histórias abordam mensagens importantes, como a curiosidade e a amizade. Como escolhes os temas que queres partilhar com os jovens leitores?

Na verdade não escolho os temas, são os temas que me escolhem. Com isto quero dizer que gosto de escrever o que me salta à cabeça, e, sobretudo, gosto de escrever para a criança e jovem que fui. Muitas vezes quando estou a escrever, penso: “eu teria gostado de ler isto, quando era pequena!”. É assim que me guio.

Sendo mãe de quatro filhos, imagino que tenhas muitas ideias. Eles influenciam as aventuras do Pepino de alguma forma?

Sem dúvida. Além de escrever para o meu eu-criança, também escrevo para eles e espero que sejam tão curiosos e aventureiros como o Pepino. Vê-los a brincar nas férias enche-me logo de ideias para o que quero fazer nos próximos livros.

Como é o teu processo criativo para inventar personagens e histórias para o Pepino?

O meu processo criativo pode ser um pouco bizarro. Ou pode ser descrito como um processo ao contrário. Primeiro penso no título do livro (ainda que possa ser adaptado no final) e uso o título como um desafio: “será que consigo fazer uma história com pés e cabeça com este título?”. Não planeio capítulos, apenas deixo a história contar-se a si mesma. Quanto às personagens, normalmente o nome salta-me logo à cabeça e depois deixo os personagens intervir na história e tento ouvir a sua voz. Devo dizer que as suas características aparecem “sozinhas”. Sou eu que os invento, mas eles têm uma vida própria!

Tens alguma dica para crianças e jovens como nós que adoram escrever e gostariam de ser escritores ou escrever melhor histórias?

Apenas duas dicas: a primeira é LER! Não se aprende a escrever sem ler, por isso ler muito, ler de tudo, ler livros que se gosta e também livros que não se gosta, ler livros gordos e magros, livros antigos, livros novos, livros portugueses e estrangeiros. Livros, peças de teatro, poesias, bandas desenhadas, ler muito!

A segunda dica é escrever! Só se aprende a escrever, escrevendo. Escrever sobre o que se gosta, mesmo que não fique bem, escrever diários, escrever histórias ou contos. Escrever muito e sem vergonhas. É um treino como outro qualquer: ninguém acerta à primeira.

Estou agora a terminar o próximo livro do Pepino e só posso dizer que vai ser emocionante e inesperado, uma aventura para toda a família!

Estou agora a terminar o próximo livro do Pepino e só posso dizer que vai ser emocionante e inesperado, uma aventura para toda a família!

Por fim, qual mensagem especial gostarias de deixar para os teus jovens leitores?

Uma mensagem muito simples, na verdade. Que leiam, que brinquem MUITO, que se divirtam no mundo da imaginação e sobretudo que saibam olhar em volta sempre com curiosidade e alegria. É nas pequenas coisas que encontramos os maiores tesouros

Margarida d’Oliveira Martins

Margarida Salema d’Oliveira Martins Gagliardini Graça nasceu em 1991 e é uma advogada e jurista portuguesa. Formou-se em direito pela Universidade de Lisboa e especializou-se em ciências histórico-jurídicas. É autora da coleção aventuras do pepino, uma série de livros infantis que conta as peripécias de um pepino curioso e divertido. Margarida é casada, tem quatro filhos e um cão, e reside atualmente em Moçambique, onde trabalha numa organização não governamental.
Margarida Salema d’Oliveira Martins Gagliardini Graça nasceu em 1991 e é uma advogada e jurista portuguesa. Formou-se em direito pela Universidade de Lisboa e especializou-se em ciências histórico-jurídicas. É autora da coleção aventuras do pepino, uma série de livros infantis que conta as peripécias de um pepino curioso e divertido. Margarida é casada, tem quatro filhos e um cão, e reside atualmente em Moçambique, onde trabalha numa organização não governamental.

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